Tati Guidio
Eu danço aquele dia. Danço aquilo que fiz. Danço aquilo que pensei. Danço aquilo que senti.
Danço aquela conquista, quando me achei a mulher mais feliz do mundo. No mover dos meus braços está aquela felicidade. Estão em meu rosto todos os sorrisos...
Danço aquela lembrança, aquele passado nunca esquecido. Nas minhas pernas está esse caminhar longínquo enquanto danço...
Danço aquele alguém. Danço o amor. Está em meus olhos enquanto me movo...
Danço aquele beijo. Meu corpo desenha aquela noite... o sentir da pele, do outro corpo... o nós dois nos momentos em que fomos um...
Danço aquela discussão que tivemos. E aquela que não. A raiva que senti está em meu rosto, enquanto meu corpo faz aquele movimento... sai pelos meus poros junto ao suor...
Danço aquela dor. Meu corpo diz... Diz sobre meus medos e minhas angústias enquanto danço...
Danço aquilo que gostaria de falar e não falei. Digo com o meu corpo enquanto danço. Quando travei meus dentes com força para prender as palavras que queriam sair... não saíram naquele momento, mas saem naquele giro...
Danço aquela mágoa, deixando passar o momento. Era sofrimento. Torna-se perdão naquele salto...
Danço aquele choro. Meu corpo desenha as lágrimas e diminui o tamanho daquela dor enquanto danço...
Danço os meus segredos. Os mais íntimos e indizíveis. Meu corpo escreve essas palavras não ditas enquanto danço. Até os meus dedos movimentam essas sensações...
Danço os meus sonhos, minhas fantasias... estão em cada passo. Meu corpo paira sobre nuvens... são os meus sonhos esquecidos... perdidos... estão ali enquanto danço...
Danço a minha vida. Os movimentos, ao mesmo tempo que refletem, revivem... vivem... resolvem... tocam... terminam... começam...
Mostram e me tornam aquilo que sou...
Danço tudo de mim.
Danço a mim mesma...
E, ao fim, ofegante... respiro a minha história. Leia Mais…